GLOBAL ART XXI - BY MIGUEL WESTERBERG

segunda-feira, 3 de março de 2008

“O retorno dos ismos” MIGUEL WESTERBERG

ACIDENTE EM SP
MIGUEL WESTERBERG
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“O retorno dos ismos”
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O artista, sempre, é tomado pelo desejo de realização e de mudanças. Suas impulsões estão voltadas a abrir novos espaços, numa aventura de abrir caminhos e horizontes. Esse desejo, às vezes, até pode ser tomado como loucura. Mas não é. Trata-se de uma irrefreável necessidade íntima de criar algo novo. Ele, o artista, é assim: um idealista sem freios e fronteiras que não pode parar, sob pena de sofrer por não poder realizar seus sonhos, praticar suas idéias, exercitar suas habilidades. É esse trabalho contínuo, seja sobre a prancheta, seja sobre as telas, seja sobre folhas em branco criando poesia ou literatura, enfim, seja de que forma for, é assim que o artista se consagra para si mesmo diante da obra perfeita e acabada, colocada ao dispor da apreciação pública para o lazer e o encanto das pessoas. Quando os artistas se unem para o compartilhamento dos objetivos comuns. Essa junção artística gera uma visão mais ampla sobre o significado da Arte, como realização de um ideal. Todos os dias, há coisas novas a ser experimentadas nos variadíssimos ramos artísticos. Só mesmo a união dos artistas sobre essas novidades gerará frutos melhores e mais utilitários em favor da Arte.
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(Guiomar baldissera)
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O retorno dos ismos - A minha amiga Guiomar me convidou para escrever um artigo expondo as mudanças que a arte vem sofrendo. Assim sendo, me prontifiquei a explicar, em poucas palavras, essas mudanças que vem transformando a arte atual do séc. XXI e a visão dos artistas de um modo geral. Para compreendê-la, de um modo mais abrangente, é necessário retroceder ao passado para termos uma noção maior de espaço e tempo para poder analisar o presente, pois é impraticável falar de algo novo sem que se tenha a consciência do por que de certas mudanças dentro de uma determinada área, principalmente quando essa área se trata da arte. Voltando então ao tempo do paleolítico, há mais de seis milhões de anos atrás, quando o principio de tudo começou a germinar, os sentimentos e a necessidade de comunicação deram origem aos primeiros traços artísticos, expostos nas cavernas, em forma de sinais, símbolos naturais e sobrenaturais, que descreviam o modo de vida de um ser que viveu em um certo espaço e um determinado tempo. Mais tarde o homem descobre as letras ainda em forma de sinais, bem visíveis no velho Egito e em outros povos da época. Com o passar dos milênios o ser humano cria a escrita e passa a tentar compreender as formas, linhas e perspectiva de fundo, a fim de transmitir através do desenho e da pintura os seus mais íntimos sentimentos, anseios, idéias e medos de forma muito mais precisa. Aparecem assim os primeiros grandes pintores: Botticelli, dando inicio aos primeiros frescos em igrejas na Itália, Miguelangelo, Leonardo da Vince, Rafael e Caravaggio dentre outros. Com o passar dos séculos surge Rembrandt, Vermer e Rubens, mas mesmo assim, a pintura ainda é algo estritamente abstrato para a maioria das pessoas, de difícil acesso, limitado aos grandes senhores, ao clero e a nobreza. É na entrada do século XIX que a arte sofre suas primeiras e grandes transformações. Em parte, devido à fotografia e ao cinema, que viabilizou a perda de um dos seus maiores monopólios: o retrato. Com a urgência de novas idéias aparece então um pintor que rompe com os padrões da pintura acadêmica, que obrigava os pintores a seguirem um padrão clássico e ao mesmo tempo teatral. Foi o pintor Millet que fez a sua primeira exposição independente em Paris no século XIX, numa pequena barraca de madeira, de frente para a maior exposição existente: a exposição mundial, que teve a torre Eiffel como a sua principal atração. Para quem não sabe, a pintura de Millet era simples, pois retratava, pela primeira vez, a classe operaria e o cotidiano de uma sociedade. Foi duramente criticado, embora tenha sido o pai da arte contemporânea, que abriu caminho para a liberdade de expressão, fundando assim o primeiro movimento artístico: o Naturalismo. Nesse mesmo século um grupo de pintores, depois de presenciar a exposição de Millet, decidiu cortar com o academismo e criar escolas independentes. A mais conhecida é a dos pintores de Barbizon, que saíram dos padrões pré-definidos e passam a pintar ao ar livre, retratando as formas da natureza. Fato que os classificaram como naturalistas. Dentre eles estão Manet, Claude Monet, Pizarro, Degas, Renoir e outros que, ao decidirem fazer uma exposição independente, foram classificados como impressionistas pela critica, devido à forma pela qual suas pinturas eram retratadas. Uma das telas mais polemica foi a de Claude Monet, com a tela impressão de sol nascente. A critica atacou de tal forma este movimento, que chegou a sair nos jornais da época em toda França.
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Depois dos impressionistas vieram os expressionistas e os cubistas, através das idéias polemicas e conturbadas de Pablo Picasso, que rompe assim, de uma vez por todas, com as formas artísticas convencionais e abre caminho para a pintura abstrata no principio do século XX, gerando vários outros movimentos, entre eles, como já foi destacado anteriormente, o expressionismo, o cubismo, o surrealismo, o dadaísmo, o realismo, o futurismo, a pop arte, o minimalismo e outros. O que estes movimentos têm de mais grandioso são as suas idéias e a conjunção do todo que se interliga para que a arte fale mais alto e enriqueça a mente e o espírito da humanidade, fazendo com que cada um destes movimentos rompa com certos tabus impostos por aqueles que ate então, tinha sobre eles, as rédeas do poder. A arte passa deste modo, a ser uma forma de exprimir os sentimentos, conforme a área de atuação de cada artista, quer seja na pintura, na musica, na literatura ou em qualquer outra forma existente de arte.
Com a entrada de um novo século, o XXI, os movimentos artísticos passaram para segundo plano, pois grande parte dos artistas tornou-se demasiadamente individualista. Para inverter esse quadro temos que levar a arte a retomar o seu percurso natural: de educar e ultrapassar fronteiras! Espero que o Globalismo seja a palavra mais precisa que se utilize para caracterizar a retomada desse objetivo principal, que faz de nós, artistas, instrumentos de viabilização para esse propósito, a fim de trazer mais conhecimento através de uma conscientização global. Quanto a mim, tenho feito um amplo esforço e estou a par de tudo que se passa aqui no Brasil, muito em especial no estado de S.Paulo, onde existe, pelo menos, dois movimentos artísticos que estão em sintonia com o mundo da globalização: os Globalistas, de Miguel Westerberg e o Zazaistas, de Susana Jardim, que tem como fonte de divulgação um jornal cultural chamado PNOB.Espero que esse artigo leve a reflexão e compreensão da arte e dos artistas e conscientize-nos de que estamos sempre em um processo de mutação. Para acompanharmos as mudanças temos que nos desprender das formas antigas e buscar o conhecimento necessário para melhor exprimirmos, através da arte, todas essas transformações em um mundo global..
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